Impedir retorno de Trump ao poder é foco da campanha de Biden

O presidente tem perdido popularidade entre o próprio eleitorado, que esperava uma ação mais firme para a proteção dos civis em meio à guerra.

Foto: Reprodução

O nome Donald Trump costuma surgir nos primeiros minutos dos discursos de Joe Biden sobre as eleições deste ano. Impedir que o republicano volte ao poder se tornou o objetivo central de sua campanha pela reeleição, mais do que qualquer outra proposta para o país. A mensagem de Biden é clara: impedir um segundo mandato de Trump é a única forma de preservar a democracia nos Estados Unidos.

“Se Trump não estivesse concorrendo, eu não sei se eu estaria concorrendo”, o presidente chegou a dizer a repórteres em um evento com doadores de campanha no começo de dezembro. A fala gerou enorme repercussão e, horas depois, questionado sobre se desistiria da candidatura se o republicano também retirasse a dele, Biden respondeu que não.

Hoje, menos da metade da população americana aprova o governo de Joe Biden. A pesquisa Reuters/Ipsos de dezembro mostrou um índice de aprovação de apenas 40% – bem perto do pior resultado de seu mandato, na metade de 2022, quando o nível de aprovação foi de apenas 36%.

O calcanhar de Aquiles de Biden foi a economia: apesar de a situação estar melhorando, os Estados Unidos registraram recorde de inflação, e os americanos ainda sentem os efeitos da alta dos preços.

Situações de política externa, como a retirada das tropas do Afeganistão logo no início do mandato e, mais recentemente, a atuação na guerra do Oriente Médio pioraram ainda mais o cenário.

O presidente tem perdido popularidade entre o próprio eleitorado, que esperava uma ação mais firme para a proteção dos civis em meio à guerra.

A habilidade de dialogar com pontos de vista diferentes e o multilateralismo foram essenciais para que Biden se tornasse a escolha dos democratas para vencer o extremismo de Trump nas urnas em 2020.

Quatro anos depois, essa habilidade é questionada, já que ele tem enfrentando problemas com o Congresso dividido; o democrata não conseguiu sequer aprovar um orçamento a longo prazo para os Estados Unidos.

Nas últimas eleições, muitos viram Biden como um presidente de um mandato só, um líder de transição, especialmente pela sua idade. Se for reeleito, ele terá 86 anos ao final do segundo mandato.

Existia a expectativa de que a vice, Kamala Harris, poderia ser a escolha do partido para a disputa de 2024 – mas a falta de protagonismo de Harris, que decepcionou tantos, logo deixou claro que esse não iria ser o caminho.

A falta de nomes fortes na política pode fazer com que Biden e Trump se enfrentem nas urnas mais uma vez. Republicanos ainda vão decidir quem será o candidato nas eleições primárias, dentro do partido, mas o ex-presidente é o grande favorito, mesmo com as 91 acusações criminais que enfrenta em diversos casos na Justiça.

Por isso, a maior esperança de Biden é se posicionar como o único defensor da democracia na disputa, lembrando os eleitores de eventos como a invasão do Capitólio para argumentar que, com uma volta de Trump, o cenário nos Estados Unidos e no mundo pode ser muito pior.

CNN

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