O PIB ficou levemente abaixo do esperado, que era uma alta de 0,1% no trimestr

A parte da indústria tem um desempenho bem parecido com o de 2022 e serviços já desacelerados

O PIB ficou levemente abaixo do esperado, que era uma alta de 0,1% no trimestre e 2,2% no trimestre contra o de 2022. Mas de qualquer forma, sem grandes surpresas assim no PIB. Temos uma indústria avançada de 1,3%, mas muito puxada pela indústria extrativa.

Quando falamos de indústria, muitas pessoas pensam na linha de produção e não é ela que está puxando por enquanto em 2023. Para 2024, temos visto nos indicadores de confiança, nos indicadores da própria indústria que parece que vai ser um ano um pouco melhor do que os anteriores. Isso tem que ficar alerta, mas esse último trimestre dá esse ânimo para pensar. Serviços com uma variação positiva novamente, serviços e agro caindo 5,3%, mas de qualquer forma quando olhamos no ano como um todo, exatamente como esperávamos.

O agro foi o grande destaque, muito pelo primeiro semestre. A parte da indústria tem um desempenho bem parecido com o de 2022 e serviços já desacelerados. Mas de qualquer forma ainda num desempenho bem interessante, ainda com muito evento que não estava acontecendo por conta da pandemia, se nos lembrarmos, foi o primeiro ano de carnaval completo, que é um dos principais eventos públicos, principais festas públicas do Brasil.

Portanto, ainda tinha o que expandir de serviços para normalizar. Esse ano talvez já tenha normalizado, não seja um grande destaque, talvez vejamos mais consumo de comércio, mesmo de bens, algo que também puxe a indústria por outro lado. Os problemas do Brasil no PIB seguem muito evidentes, vemos um PIB com uma taxa de investimento muito baixa, taxa de poupança muito baixa, isso é necessário para que o Brasil consiga se modernizar, consiga inovar em sua infraestrutura e realizar investimentos necessários que verificamos andando pelas cidades do país. Isso precisaria ser mais estimulado.

Outro ponto é que quando o presidente Lula, durante a campanha e ao longo do ano passado, criticou os investimentos, falou muito de que tem que gastar, que não tem que investir, ele vai contra um dos principais problemas do Brasil há décadas. Portanto, não vem uma mensagem muito positiva de cima. Porém, quando cruzamos os dados com o AB3, com o Anbima, verificamos que a população tem evoluído, tem amadurecido, acho que é a palavra mais correta, sobre esse aspecto.

Nota-se que tem aumentado o número de investidores no Brasil, a educação financeira tem ficado mais pulverizada, as pessoas têm diversificado mais seus investimentos, algo que pode ser um efeito mais positivo a médio prazo. Por enquanto ainda é muito tímido, é um dos principais pontos para lamentar. Acho que no PIB, o Brasil com 16,5% de taxa de investimento, aqui na América Latina a média fica acima de 20, 22, mais ou menos, e se nós formos levar pra comparar contra os BRICs, aí o Brasil perde de lavada. Então, muito aquém do que precisa.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos
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