Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca no Rio Grande do Norte para inaugurar a Barragem de Oiticica, uma obra que já estava 93% concluída no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A estrutura, fundamental para a segurança hídrica da região, representa um marco para o estado, mas levanta questionamentos sobre a real paternidade da obra e a condução dos investimentos ao longo dos anos.
A transposição do Rio São Francisco, um projeto que se arrastou por 16 anos sob governos petistas, foi marcada por paralisações, desvios de recursos e sofrimento da população nordestina, que precisou conviver com a seca extrema e depender de carros-pipa. Foi somente na gestão de Bolsonaro, com a atuação direta do então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que a obra avançou em ritmo acelerado, garantindo a chegada da tão esperada água ao sertão.
O governo Lula, no entanto, tem sido alvo de críticas desde o início do mandato. Populares e lideranças políticas denunciam que, após as eleições, as comportas de água foram fechadas, prejudicando milhares de famílias. Além disso, há o temor crescente de cortes no programa Bolsa Família e o aumento no custo de vida, com alimentos cada vez mais caros nas prateleiras dos supermercados.
A insatisfação com o atual governo pode se manifestar em protestos durante a visita presidencial. Setores da sociedade civil já organizam manifestações para cobrar medidas concretas contra a alta dos preços, a garantia da continuidade dos auxílios sociais e, sobretudo, transparência e respeito à história da obra que levou água ao povo do Rio Grande do Norte.
O evento de inauguração da Barragem de Oiticica ocorre em um momento estratégico, a menos de dois anos das próximas eleições presidenciais. A população, porém, demonstra estar atenta e não aceitará narrativas que tentem apagar o trabalho de quem, de fato, fez a água chegar ao Nordeste.
por Neide Carlos