Foto: Sérgio Lima/AFP.
Marco Willians Herbas Machado, o Marcola, enviou R$ 60 milhões para integrantes do PCC nas ruas executarem o resgate dele na prisão. Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, o plano é financiado pelos irmãos Camacho — não pelos cofres da organização. E continua em curso.
O que aconteceu
Marcola e o irmão Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior liberaram R$ 60 milhões para que integrantes da facção nas ruas providenciassem o resgate do líder do PCC. Marcola está preso no presídio federal de Brasília.
O dinheiro vem do tráfico de drogas. Segundo as investigações, Marcola chega a faturar R$ 5 milhões por semana com negócios particulares.
A suspeita é que os integrantes do PCC tenham contratado quadrilhas de roubo a banco para a operação. Os grupos escolhidos têm experiência em planejamento e logística de ações aos moldes do “domínio de cidades” ou “novo cangaço”.
O encarregado pelo resgate de Marcola seria Devanir de Lima Moreira, o Deva. Ele é apontado como o responsável pelo PCC em ações na Bolívia e esteve com o líder da facção no presídio de Presidente Venceslau em 2006.
Deva foi condenado a 21 anos de prisão por formação de quadrilha e envolvimento em três roubos. As ações envolvem ataques contra joalherias e agências bancárias. Ele está foragido.
“Acreditamos que [os R$ 60 milhões seriam usados] para pagar as cinco equipes de roubo a banco do tipo ‘novo cangaço’ que participariam da ação”, disse Lincoln Gakiya, promotor de Justiça.
Os planos de ação do PCC
Existem dois planos diferentes orquestrados pela facção, o A e o B. Segundo Gakiya, um está relacionado ao outro.
O plano A, chamado de STF, envolvia o resgate de Marcola “a qualquer custo” e começou a ser desenvolvido em 2019. Em agosto do ano passado, uma das tentativas foi frustrada pela PF. Em janeiro, Marcola teria voltado para o Distrito Federal “contrariado e com a certeza de que seria resgatado”.
O plano B, identificado como STJ, estava pronto para ser colocado em prática, caso o A não desse resultado. Inclui ataques e sequestros de agentes públicos para “causar caos e desestabilizar a Segurança Pública” e foi interceptado pela PF na quarta (22).
“Quando os indícios apontaram que um dos alvos era o Moro, avisamos à família dele. As provas foram confirmadas pela PF. O plano de atentado estava bem adiantado, com aluguel de chácaras”, apontou Lincoln Gakiya, promotor de Justiça.
O plano B
O plano para o atentado contra o ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) estava pronto e não foi deflagrado porque faltava a autorização de Marcola, segundo o MP.
Esse plano contra autoridades e agentes públicos começou a ser pensado em 2022, quando as investigações identificaram recibos de pagamento de aluguéis de chácaras na região metropolitana de Curitiba.
O PCC investiu US$ 550 mil (R$ 2,9 milhões) na organização do atentado contra Moro. Além das chácaras, o grupo procurou por veículos blindados e armas.
A PM fazia escolta de Moro havia um mês. Após ser informada extraoficialmente sobre o plano do PCC, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná providenciou proteção armada à família do senador.
As informações sobre a investigação foram repassadas à reportagem por diferentes fontes ligadas à operação da PF, ao sistema prisional federal e às forças de segurança do Paraná e de São Paulo.
Por Portal UOL.
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