A caneta escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a posse é o primeiro mistério do terceiro mandato dele.
A caneta é de edição limitada e custa mais de R$ 6 mil em lojas de revenda. Mas foi esse, segundo o roteiro da posse, o presente mais em conta que o militante petista Fernando Menezes encontrou numa loja de Picos, cidade de 78 mil habitantes, no interior do Piauí.
No encontro perto da Igreja de São Benedito, Lula prometeu ao correligionário que, se eleito presidente, subiria a rampa com o presente. Esqueceu de fazer isso em 2002 e acabou perdendo a caneta. Mas, duas décadas mais tarde, o objeto reapareceu milagrosamente para as eleições de 2022.
A história, cheia de adversativas, parece confusa? Mas é exatamente o que sustentam os dois personagens envolvidos no “causo”, Lula e Menezes.
No primeiro ato como presidente, em 1° de janeiro, Lula discursou e relembrou a história do presente esquecido em outras cerimônias presidenciais. A mesma história já havia sido contada em 2010, quando ele visitou uma fábrica de papel na cidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.
“Em 2002, eu ganhei, mas esqueci minha caneta e assinei com a do senador Ramez Tebet. Em 2006, assinei com a do Senado”, falou Lula ao inaugurar o terceiro volume do termo de posse presidencial.
Dessa vez, Lula disse que encontrou a caneta e que homenagearia o povo e o Estado do Piauí. Na sequência, apresentou o item da coleção Montblanc Writers, dedicada ao escritor norte-americano F. Scott Fitzgerald, autor, entre outros, de “O Grande Gatsby”.
Nas imagens da posse, é possível ver inclusive a marca registrada da empresa alemã, uma estrela com seis pontas arredondadas.
A Montblanc comprada em uma loja do interior do Piauí, que sequer existe mais, pertence a uma edição limitada e é dedicada a colecionadores de canetas ou amantes da literatura. Atualmente, o item pode ser encontrado em grandes casas de leilões, segundo consultores da marca.
Com a primeira loja própria no Brasil em 1995, a Montblanc chegou a comercializar por aqui a caneta de edição limitada. Consultores explicaram que por se tratar de uma edição exclusiva, uma vez esgotada, a caneta não é relançada, “o que valoriza ainda mais o preço”.
Segundo especialistas consultados pela CNN, a durabilidade de canetas esferográficas varia de acordo com o uso e condições de armazenamento. Se bem guardada, a caneta pode resistir ao lapso de décadas.
Fernando Menezes, que hoje tem 68 anos, garante que a caneta apresentada é a mesma que deu ao presidente, sem antes lembrar que também entregou uma água mineral, pois fazia muito calor naquele dia.
“Quando eu vi, eu estava em frente à televisão. [Pensei] ‘Oh meu Deus, foi a caneta que eu dei pro Lula!’ Fui pra cama, me deitei e não consegui me levantar porque eu não acreditava que aquela caneta era a caneta que eu tinha dado ao presidente”, explica.
Com informações de CNN