Na tarde de hoje, 17 de maio, Dia Internacional Contra a Lgbtfobia, a Câmara Municipal de Mossoró realizou uma reunião pública para debater políticas voltadas ao combate à Lgbtfobia em Mossoró. O evento foi uma iniciativa do mandato do vereador Pablo Aires (PSB). O evento foi conduzido pela Rede Debandeira, instituição não governamental suprapartidária que luta em defesa da causa LGBTQIA+.
Participaram da reunião João Victor Coelho, vice-presidente da Comissão de Minorias e Diversidade da OAB Mossoró, Rivadávia de Oliveira, Secretária da Comissão de Segurança Pública da OAB, Rafael Soares, coordenador do ambulatório LGBTQIA+ da UERN, além dos vereadores Wíginis do Gás (SD), Larissa Rosado (PSDB), Carmem Júlia (MDB) e Marleide Cunha (PT), imprensa, representantes de ONGs e instituições que trabalham para combater o preconceito e a homofobia.
Violência
Casos de violência que a população LGBT enfrenta diariamente foram o tema central do debate, que relembrou recentes casos de assassinatos de três homens homossexuais em Mossoró. “Em um único mês, tivemos três mortes cruéis em nossa cidade, praticados contra pessoas de nossa comunidade. A população brasileira tem expectativa de vida de mais de 60 anos. Mas nossa comunidade tem expectativa de vida de 35 anos. Esses dados devem servir de alerta. Vivemos casos de homofobia, que são investigados como se homofobia não fosse. Como podemos trabalhar políticas públicas, se os dados são mascarados?”, questionou Pablo Aires.
Escola
O professor e artista Marcus Vinícius ressaltou a necessidade de uma maior preparo nas escolas, para acolher os estudantes transexuais e a necessidade de debater, na sala de aula e nas famílias, sobre as diversidades. “É preciso debater dentro das escolas. Vemos muitos casos de discriminação de travestis e pessoas trans que querem apenas o direito de utilizar o nome social na sala de aula, mas alguns não aceitam. Por que não aceitar uma pessoa pelo que ela é? Por que discriminar e agredir? É tão fácil apenas acolher”.
Arthur Luiz, psicólogo, homem trans e pesquisador nas áreas de gênero e sexualidade e vice-diretor do Coletivo Demétrio Campos, ressaltou sua experiência e luta para conseguir dar continuidade a sua formação. “Posso dizer que sou um privilegiado, porque consegui me formar. Sabemos como pessoas trans enfrentam diariamente dificuldades impostas pelo preconceito. Queremos nos sentir seguros em sair nas ruas, apresentar nossos namorados ou namoradas ao familiar e que seja comum, porque é uma coisa normal, mas outras pessoas agem como se não fosse”, relatou.
Conselho Municipal
Os vereadores presentes se colocaram à disposição para dar continuidade aos debates, buscar políticas públicas de enfrentamento às violências enfrentadas pelas pessoas LGBTs e a garantia dos direitos destas pessoas. “Precisamos nos unir. Temos o Conselho Municipal para Debater Políticas Públicas para Pessoas LGBTs e temos que dar continuidade”, defendeu Larissa Rosado. “Não queremos essa sociedade do ódio, da intolerância, do preconceito. E nesta Casa Legislativa, nós temos essa obrigação. Queremos garantir o acesso das pessoas LGBTs aos espaços públicos sem que tenham seus direitos desrespeitados”, ressaltou Marleide Cunha.